terça-feira, 5 de junho de 2007

Cada um deve ser responsabilizado pelos seus erros:tanto a Camara Municipal como os cidadãos

Passada a agitação das comemorações do dia do município, e as oportunas inaugurações, surge um novo período, que este ano, por sorte nossa, antecede as eleições autárquicas.

Na cerimónia que aconteceu no dia 19 de Maio na Assembleia Nacional, o edil praiense assumiu perante todos, que finalmente chegou a vez do Plateau, a nossa tão querida Praia Maria. Esta nossa Capital há muito esquecida.

Finalmente começamos a ter passeios, diz-se que teremos ruas calcetadas e pelo menos uma, asfaltada, e acreditem, zonas e casas serão recuperadas, até o fim deste ano. Por falar desta nova preocupação de restaurar ruas e casas do Plateau, vejam esta fotografia tirada dia 29/05/07, de um casarão conhecido, a antiga Casa de Pasto da Amélia, situada numa das ruas mais movimentadas da Capital:


Gostaria de saber quem é o responsável por este atentado? Não pensam em puni-lo por ter autorizado tal coisa? É assim que pretendem restaurar o Plateau, permitindo este tipo de subversão? Os Chineses, eu até entendo que façam esse tipo de coisa como forma de se proteger, já que vivemos numa cidade onde a segurança não passa de boas intenções. Eu própria já vi esta loja sendo assaltada num domingo, por volta das 19:00, sem nenhum problema por parte dos bandidos.

Com o descaso que temos vindo a verificar, cabe a nós, cidadãos, assumir o papel de fiscais da coisa pública, já que quem é pago para tal não o faz ou é cego. Qualquer cidadão, que no exercício das suas funções, se fingir ser cego, é demitido, por justíssima causa.

Por falar em fiscais e inaugurações, quem não gostou da Praça da Cruz do Papa recém inaugurada, há exactamente 10 dias? Vejam estas fotografias!















Há lá guardas, a protegerem esse património, que é um bem de todos nós e que deve ser protegido por todos. Um deles me informou que, um grupo de rapazes estão a rondar a praça com o intuito de ARRANCAR os brinquedos e equipamentos de ginastica para jovens com mais de 50 anos!!!!! Desculpem mas estes mereçem ser bem punidos.

Será que antes de começarmos a fazer coisas que embelezem a cidade, e que sejam úteis para todos não seria melhor ensinar as pessoas a utilizares estes espaços? Sim, eles têm de aprender, pois não sabem. Eu até iria mais longe pedindo, implorando que se responsabilizem os cidadãos desta cidade pelos estragos que provocam na coisa pública:


  • Quebrou um candeeiro público: paga o concerto ou limpa a cidade por uma semana.

  • Estragou o banco de uma praça: paga o concerto ou limpa a praça por uma semana….

Precisamos responsabilizar as pessoas, e puni-las quando necessário for, até aprenderem, que o espaço público é de todos e que ninguém tem direito de fazer com ele o que lhe der na gana.
No mesmo evento do dia 19 de Maio, falou-se em restaurar as casas do Estado que estejam abandonadas, tudo isso integrado num programa de recuperação do Plateau. Essas casas deveriam ser restauradas, transformadas em espaços públicos, para serem frequentadas por cidadãos desta cidade, e não para permanecerem fechadas ou cedidas a instituições que as transformam em escritórios. Poderiam ser galerias de arte, espaços para eventos culturais, aulas / workshps, espaços para convívio, cafés, pequenos auditórios, mas jamais escritórios. É triste ver que uma das casas mais bonitas do Plateau "pertence" ao Instituto da Língua Portuguesa sem que exista extroversão nas suas actividades nem a preocupação de partilha de um espaço que devia ser dinamizado de modo a ter utilidade pública. As salas dessas casas podem ser salas para aulas de pintura, de dança, de canto, de leitura, teatro etc.
Temos um outro caso triste, que é o Palácio da Cultura, que se transformou num casarão imponente, no centro da cidade, com um guarda à porta e uns pedaços de madeira cheio de folhinhas que anunciam exposições e eventos. Há dias um amigo contou-me que foi ao palácio ver uma exposição, que o guarda lhe confirmou que havia e ao subir percebeu que a sala onde havia a exposição tinha as luzes apagadas. Ele entrou, acendeu as luzes, viu o que queria e depois apagou-as e saiu. Só para relembrar, entre os homenageados pelo Presidente da Câmara da Praia, no dia 19 de Maio estava presente o responsável por este Palácio, que deveria ser da cultura, pelo trabalho que tem feito nesta cidade. Não sei se é para rir ou para chorar.
Como nota de reflexão, fica a informação de que o primeiro local idealizado para realização o evento PraiaMov foi naturalmente e por uma questão óbvia de vocação natural do espaço o Palácio da Cultura. Bastará dizer que não foi possível tal o número de obstáculos apresentados.

Eu, praiense com orgulho, acredito nesta cidade, que ela pode ser uma cidade dinâmica, viva, com alma, pessoas com ideias, com visão, espaços convidativos, que sejam de facto públicos e permitam à nossa sociedade evoluir e se tornar mais urbana e cosmopolita. Depende de nós, desde que tenhamos decisores facilitadores que compartilhem da mesma visão.



De olho na cidade: Margarida Mascarenhas-30/05/07


1 comentário:

Dilson disse...

Antes de mais gostava de congratula-la pelo seu artigo sobre a situação do turismo em Cabo Verde.
Todavia, entendo que essa estratégia a que se refere, não se deve centrar unicamente na segmentação do mercado na não burocratização, e assumpção do turismo como sector “core” de desenvolvimento de Cabo Verde.
No meu ponto as entidades responsáveis deveriam focalizar primariamente na criação de infra-estruturas, designadamente Saneamento básico, energia, serviços de saúde, rever as questões ligadas à segurança os sistemas de incentivos e competitividade das empresas no geral e às ligadas ao sector do turismo em particular. Não faz sentido chegar num cruzamento, e por falta de energia os semáfaros não funcionam. Um aspecto que me parece crucial passará inequivocamente pela formação das pessoas que trabalham no sector do turismo, e sensibilizar o povo cabo-verdiano para a importância de receber bem o turista.
Por outro lado, acho que devemos aproveitar o turismo para incrementar outros sectores da economia. O turismo é um sector importante, mas não deve ser vista como a nossa “tábua de salvação”. A agricultura deve ser explorada, a pesca etc etc.

Dilson Centeio
dilsoncenteio@hotmail.com