sexta-feira, 26 de março de 2010

O LIVRO DE RECLAMAÇÕES!!!!! PARA QUEM?




No passado dia 04 de Março de 10, às 19:50, chego à loja do Grupo Calu&Angela no Plateau, onde na porta têm como horário de encerramento da loja 20:00, e um funcionário da referida empresa está a impedir a entrada de mais pessoas, informando-nos que já estávamos perto das 20:00.

Tento entrar, já que o horário de funcionamento em vigor me garante este direito, e ao ser impedida de o fazer já que ainda faltavam 10 minutos, solicitei o tão falado Livro de Reclamações. Neste momento algumas pessoas que também estava à porta a implorar que as deixassem entrar se juntaram a mim e também tentaram exercer o seu direito de consumidor maltratado: reclamar.

Não queiram imaginar a minha cara quando aparece um funcionário com um bloco A5, do qual já tinham sido arrancadas algumas folhas e quatro envelopes, indicando-me inclusive a caixa de reclamações onde eu deveria deixar a minha reclamação. Indignada com tal facto informo a este senhor que queria o livro de reclamações do IGAI. Para meu espanto a resposta que veio lá de dentro, já que me mantinham à porta do estabelecimento, foi: NÃO HÁ! NÃO TEMOS! E SE QUISER RECLAMAR VOLTE AMANHÃ PARA FALAR COM O SR. CALU OU COM O GERENTE.

A cena: eu à porta de uma loja da maior rede de Supermercados do país, onde eu e milhares de cabo-verdianos deixamos o nosso dinheiro diariamente, a ser mal tratada e a ter de esperar na rua, com o pé entre as duas portas de vidro da entrada, para que o dono apareça para me explicar porque que motivo ele não cumpre o horário de funcionamento que tem afixado na porta de entrada da loja.

Lembrei-me de imediato do Sr. Inspector Geral do IGAE que aparece constantemente nos órgãos de comunicação social a relatar as suas estratégias de intervenção que objectivam colocar os operadores económicos na ordem, vangloriando-se de já terem produzido os livros de reclamações que os estabelecimentos devem obrigatoriamente ter para que o cidadão possa reclamar quando se sentir lesado. Assim sendo gostaria que me respondesse aos seguintes pontos:

• Como é que o Sr. quer que os cabo-verdianos acreditem na efectividade do Livro de Reclamações e da sua utilização por parte dos operadores, quando a sua instituição não consegue assegurar que um dos maiores operadores económicos do país, retalhista, que atende milhares de clientes diariamente o não possui nas suas lojas?

• Em caso de não haver Livro de Reclamação no momento da ocorrência a quem me reporto? Existe uma linha de atendimento ao cliente? Faço esta pergunta pois imagino que o referido estabelecimento hoje já esteja a usar o livro e o autocolante disponibilizado pelo IGAE?

• Já agora, aonde poderei reclamar do IGAE, que por não ter feito o seu trabalho de assegurar que uma loja da maior rede de supermercados do país cumpre a lei, me expôs ao ridículo de ter acreditado no sistema de reclamações.

Já agora, os cabo-verdianos sabem como usar o livro, sabem os seus direitos enquanto consumidores? Quando lhe faço esta questão refiro-me às nossas gentes mais humildes que acredito que continuam a ser massacrados diariamente quando o assunto é direitos do consumidor. Não se esqueça que estamos a tentar sair de uma cultura onde o estranho é ser bem atendido.

Mais acção e menos filmes por favor que o país agradece.

PS- No dia 17 de Março fui novamente ao Calu e Angela do Plateau e já possuem o famoso Livro de Reclamações. Acho que valeu a pena ter feito algum barulho.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

25 de Novembro: Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres


O passado dia 25 de Novembro foi dia Internacional para a eliminação da Violência contra as Mulheres. Contudo, são infinitas as violências que temos de eliminar.
A nossa sociedade está violenta em todos os sentidos. A forma como as pessoas se relacionam no dia-a-dia, a forma como resolvem-se problemas, a forma como conversam, a forma como conduzem .....
Às vezes digo que em outras sociedades oferecer algo a alguem significa um gesto de carinho, e aqui na Praia, esse agrado é chamado de "Soco na Rosto". Isso diz muito! Em barlavento as amigas tratam-se por "diaba"....!! Seriam formas crioulas de amor e amizade???? E a tal Morabeza?
Entre os mais jovens o fixe é ser mais selvagem que os demais pois isso dá prestigio e destaque no grupo. Há quem diga que é normal na adolescencia mas recuso-me a achar normal. Ser mal educado não pode ser normal.
Nas ruas as pessoas gritam, não respeitam os mais velhos, qualquer problema é resolvido a tapas...
Vamos pensar numa forma de educar a nossa sociedade. E quando digo educar não me refiro à educação de "carteira de escola" apenas, pois, essa sozinha não é suficiente já que conheço muitos "doutores" mal educados.
Ser educado é bom, faz bem a nós e às pessoas que nos rodeiam. YES, WE CAN!:-)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

AFRICA: O NOVO EL DORADO


Em tempos de crise, economias africanas tornam-se o novo El Dorado para certos países, onde se destaca Portugal, que passam a ter como grande meta aumentar as suas exportações para cá de produtos e “investidores”.

Nós, com o nosso velho complexo de colonizados aceitamos estes “investidores” sem questionar o seu “backgronud” conferindo-lhes estatuto de Homens de Negócio. Claro que existem pessoas serias mas temos de estar atentos.

Muitos deles vêm para cá, destratam as nossas gentes, cometem mil infracções e irregularidades e ninguém lhes questiona. Quem tem estado a averiguar se as empresas que se instalam no país com o estatuto de “investimento externo”, que gozam de um rol de vantagens fiscais e aduaneiras, têm de facto cumprido as suas obrigações e se estão de facto a gerar emprego no país, para cabo-verdianos, atendendo as quotas estabelecidas por lei?

O que tenho visto é um bando de senhores reles, que se instalam aqui, tornam-se arrogantes, passam a frequentar meios que nos seus países só vêm pelos jornais, e acreditam que o dinheiro fácil que vão ganhando por cá lhes permite comprar tudo, inclusive o carácter das pessoas.

Tenho orgulho do meu país, tenho orgulho de saber que posso encher a boca e dizer que aqui as leis e as instituições funcionam, com todas as nossas limitações. Por favor fiscalizem e punam infractores. O país agradece.

Não aguento mais ver estrangeiros a dominar o meu povo, em sua própria terra, como se estivéssemos numa fase de segundas núpcias com o colonialismo. DIRECÇÃO E INSPECÇÃO GERAL DO TRABALHO…. AO ATAQUE. Por favor, estabeleçam ordem em todos os empreendimentos que surgem no país e tenham mão pesadíssima na hora de aplicar multas. O que eles levam daqui não tem preço.