O LIVRO DE RECLAMAÇÕES!!!!! PARA QUEM?
No passado dia 04 de Março de 10, às 19:50, chego à loja do Grupo Calu&Angela no Plateau, onde na porta têm como horário de encerramento da loja 20:00, e um funcionário da referida empresa está a impedir a entrada de mais pessoas, informando-nos que já estávamos perto das 20:00.
Tento entrar, já que o horário de funcionamento em vigor me garante este direito, e ao ser impedida de o fazer já que ainda faltavam 10 minutos, solicitei o tão falado Livro de Reclamações. Neste momento algumas pessoas que também estava à porta a implorar que as deixassem entrar se juntaram a mim e também tentaram exercer o seu direito de consumidor maltratado: reclamar.
Não queiram imaginar a minha cara quando aparece um funcionário com um bloco A5, do qual já tinham sido arrancadas algumas folhas e quatro envelopes, indicando-me inclusive a caixa de reclamações onde eu deveria deixar a minha reclamação. Indignada com tal facto informo a este senhor que queria o livro de reclamações do IGAI. Para meu espanto a resposta que veio lá de dentro, já que me mantinham à porta do estabelecimento, foi: NÃO HÁ! NÃO TEMOS! E SE QUISER RECLAMAR VOLTE AMANHÃ PARA FALAR COM O SR. CALU OU COM O GERENTE.
A cena: eu à porta de uma loja da maior rede de Supermercados do país, onde eu e milhares de cabo-verdianos deixamos o nosso dinheiro diariamente, a ser mal tratada e a ter de esperar na rua, com o pé entre as duas portas de vidro da entrada, para que o dono apareça para me explicar porque que motivo ele não cumpre o horário de funcionamento que tem afixado na porta de entrada da loja.
Lembrei-me de imediato do Sr. Inspector Geral do IGAE que aparece constantemente nos órgãos de comunicação social a relatar as suas estratégias de intervenção que objectivam colocar os operadores económicos na ordem, vangloriando-se de já terem produzido os livros de reclamações que os estabelecimentos devem obrigatoriamente ter para que o cidadão possa reclamar quando se sentir lesado. Assim sendo gostaria que me respondesse aos seguintes pontos:
• Como é que o Sr. quer que os cabo-verdianos acreditem na efectividade do Livro de Reclamações e da sua utilização por parte dos operadores, quando a sua instituição não consegue assegurar que um dos maiores operadores económicos do país, retalhista, que atende milhares de clientes diariamente o não possui nas suas lojas?
• Em caso de não haver Livro de Reclamação no momento da ocorrência a quem me reporto? Existe uma linha de atendimento ao cliente? Faço esta pergunta pois imagino que o referido estabelecimento hoje já esteja a usar o livro e o autocolante disponibilizado pelo IGAE?
• Já agora, aonde poderei reclamar do IGAE, que por não ter feito o seu trabalho de assegurar que uma loja da maior rede de supermercados do país cumpre a lei, me expôs ao ridículo de ter acreditado no sistema de reclamações.
Já agora, os cabo-verdianos sabem como usar o livro, sabem os seus direitos enquanto consumidores? Quando lhe faço esta questão refiro-me às nossas gentes mais humildes que acredito que continuam a ser massacrados diariamente quando o assunto é direitos do consumidor. Não se esqueça que estamos a tentar sair de uma cultura onde o estranho é ser bem atendido.
Mais acção e menos filmes por favor que o país agradece.
PS- No dia 17 de Março fui novamente ao Calu e Angela do Plateau e já possuem o famoso Livro de Reclamações. Acho que valeu a pena ter feito algum barulho.